19 Mar 2019 07:11
Tags
<h1> Amarração Gratis Descomplicado E Rápida </h1>
<p>Despencou em "Caipirópolis", depois viveu em uma cidade esquisita de praia, hoje mora em um ponto próspero do interior paulista, onde acha até comida coreana. G., irlandês, vive no Recife. Adepto do realismo muito bom, escreve minicontos em que expressa seu sofrimento diante da realidade local. C. assim como mora numa capital, Florianópolis. Muitas vezes, ele reclama do Brasil.</p>
<p>Em outras, também. Californiano, surfista, ele se expressa com ambiguidade. Seus textos são amargurados; suas fotos, só alegria: um mundo de camisas abertas no peito e índices muito baixos de gordura corporal. M. está no interior de Minas. Faz parte de uma onda muito recente, muito específica e muito divertido de imigrantes: a das americanas que se casaram com mineiros pela região de Boston, e agora acompanham seus maridos que resolveram retornar ao Brasil.</p>
<p>Sigo as vidas de D., G., C. e M. Os quatro têm blogs. Seus diários on-line, claro, são públicos. Todavia, talvez por escreverem em inglês, percebe-se que os autores não imaginam ser lidos no Brasil. Eles se dirigem aos amigos e parentes "back home", desabafo e desilusão são os sentimentos mais comuns. De todos, D. é quem mais pratica a tolerância e, por que não contar, o relativismo cultural.</p>
<p>Formada em linguística pela excelente Faculdade da Califórnia em Berkeley, ela vem do ambiente onde o politicamente certo foi inventado. Ainda bem. Só portanto para sobreviver ao choque. D. ensinava inglês em San Francisco quando conheceu um aluno brasileiro, estudante de medicina no interior de São Paulo. O curso de inglês era curto, o namorado logo voltou ao Brasil. Insuficiente depois, ela veio atrás.</p>
<p>Só que a cidade onde o fedelho fazia faculdade era um pouco menos que nada. D. apelidou o local, carinhosamente, de "Caipirópolis". Depois de formado, o garotão arrumou emprego no litoral. D. postou muitas fotos do novo apartamento, que dava visibilidade pra uma parede. Os vizinhos tinham o curioso hábito de atirar lixo pela janela.</p>
<p>Neste momento, ele faz moradia médica numa cidade do → Como Seduzir Um Homem De Vez! Dicas E Truques Infalíveis! mais rica e menos falecida, que D. chama de Springfieldee (brincadeira com a fictícia Springfield, dos Simpsons). A californiana tolerante, enfim, se sente mais em casa. O mesmo não se podes relatar de G., o irlandês do Entre Lençóis: Um Guia Para Passar O Dia Dos Namorados Pela Cama . Seus artigos semificcionais, de humor ácido, salientam que ele se sente em um pesadelo sem encerramento.</p>
<p>Bem como não faz muito sentido o website de C., o surfista Signos E Sedução: Como Enlouquecer Cada Signo ≈ Astrologia ≈ Astral ≈ BEMZEN•com . Ele é, digamos, o menos intelectual da turma. Empresário, veio ao país para abrir restaurantes. Diatribes contra a burocracia e a corrupção brasileiras são os assuntos dominantes. O tom em geral é tão amargo que eu nem sequer prestava atenção nas fotos. Imaginava serem imagens genéricas do Google.</p>
<ul>
<li>Não busca se conhecer melhor</li>
<li>Folhainvest Folhainvest Explica</li>
<li>dois "A Mais Formosa De Todas"</li>
<li>trinta Dom Falcão</li>
<li>Ícone Whatsapp Whatsapp</li>
<li>onze de janeiro de 1988 — 14 de fevereiro de 1991 Sucedido por</li>
<li>2 bananas prata picada em cubos menores</li>
</ul>
<p>Até que notei um sujeito atlético e sempre sorridente em todas elas. E ele ainda reclama. Bem menos glamourosa é a vida de M., a americana que acompanhou o marido brasileiro na volta ao interior de Minas. Com a ética protestante de trabalho em grau máximo, ela se atribuiu como função consertar o sítio abandonado da família.</p>
<p>O acontecimento de os próprios sogros costumarem jogar garrafas, latas e sapatos velhos nos jardins que ela havia acabado de ajeitar não ajudava muito, porém M. se manteve firme. Até passou a vender os produtos do sítio na feira livre, depois de negociar o ponto com um tal de Miro. Desculpe não transmitir os endereços dos web sites. Como disse, sinto que os autores escrevem só para os mais chegados. Todavia, com as dicas desse texto, é possível achá-los na internet. Os mais interessados chegarão lá. Confio nesta seleção natural.</p>
<p>Não tem jeito, é necessário sair do castelo e subir no cavalo sozinha. Abraçar a existência. Entender a ser feliz sem ninguém. Meter a cara. Enfiar os pés pelas mãos. O que não oferece é permanecer lamentando. O mundo nunca teve em tão alto grau homem acessível. No entanto não depende apenas deles. Qualquer um podes e deve fazer a sua quota. Tem solteiro, separado, viúvo -sem descrever os canalhas comprometidos que não saem da pista.</p>